So, Europe was more than they expected. And they didn't have words for Spain. Marc always knew it, but Estella and Hani had never dreamt of a place like that. They would've done anything for the trip to be perfect.
As reality surprises them once again, Estella and Hani will thank the existence of their attractive friend Marc forever, because even though being a bit scandalous, he will be the door for their dreams to come true.

Monday, September 5, 2011

III - Xabi


Aquele foi um bom jogo. Não foi incrível, mas bom. Ninguém havia se machucado, e o time ganhou. Isso era o mais importante. Sempre haviam aqueles jogadores que levavam a partida para um lado pessoal, como o moreno um pouco mais alto e robusto a quem marcara durante os noventa minutos, que agora acabara de esbarrar suspeitamente sem querer em seu ombro levemente dolorido.
Mas tudo estava bem, estava a caminho do vestiário e de uma merecida ducha para relaxar e evitar qualquer lesão. Já sonhava com a água escorrendo pelo corpo e agora desejava ter trocado a camisa com algum adversário. Quão ridículo pareceria se a tirasse simplesmente por calor?
Escutou alguns berros muito próximos e algo como ‘somos brasileiros’ mas isolou qualquer som. Contava os passos para o chuveiro, esquecendo todo o estádio a sua volta, desejando estar cercado somente pelo barulho da água e pelo vapor. De repente foi abruptamente trazido de volta à realidade, puxado por um forte e mal disfarçadamente animado Sergio Ramos.
- Xabi! Vem aqui comigo…
- Espera, o que você quer?
-  Distrai para mim aquelas duas meninas ali, amigas daquele cara, para eu poder… – A voz de Sergio passara de baixa para um sussurro, mesmo que estivesse pronunciando aquelas palavras diretamente ao ouvido do amigo.
- Ai, ai, ai, não precisa me dar detalhes sobre essas suas… - Xabi se afastou empurrando o moreno de leve, com um sorriso constrangido no rosto.
Se virou para o lado para que Sergio apontara, de onde também os berros haviam vindo. É claro. Ele era brasileiro. E Sergio estava interessado. Seus olhos recaíram sobre os dizeres de sua camisa. Ele era exatamente o tipo do lateral. ‘I’m too sexy for my shirt’. Curiosamente, Sergio nem sequer falava inglês muito bem.
Xabi deu uma última olhada por cima do ombro para o vestiário. Ele era um amigo muito bom. Deixou-se arrastar, então, ao lado do outro até aqueles fãs que continuavam gritando e pareciam não entender que os dois já iam em sua direção. Conforme se aproximavam, os olhos das duas garotas se expandiam. Já o rapaz ao lado delas alisava a blusa enquanto os media de cima a baixo.
Depois de assinar algumas coisas relativamente estranhas fornecidas pelas duas garotas – duas camisas do Real Madrid, dois broches, um calendário, um desenho, um CD de uma banda estranha de que nunca tinha ouvido falar, dois caderninhos de espiral, uma agenda e uma foto que também pertencia a um porta-retrato de sua própria sala – tentou puxar algum assunto para que Sergio pudesse ‘fazer sua mágica’, como diria.
- Então, quais seus nomes? – Sério? Como poderia puxar um assunto com isso?
- Eu sou a Estella, essa é a Hani, hehehe, nós somos do Brasil.
- Ah, é mesmo? – E agora? Essa era a próxima pergunta que ele ia fazer! – Hum. Eu… estão gostando da Espanha?
- Sim! Na verdade nós chegamos há pouco tempo, não conhecemos Madrid direito ainda. E eu estou muito ansiosa para conhecer Barcelona! – A mais baixa não conseguia disfarçar o entusiasmo, os olhos negros brilhando – Vamos para lá depois do natal!
- E vocês gostaram do jogo? – perguntou, enquanto assinava alguns papéis que surgiam em torno das duas.
- Claro! Você foi ótimo! – Hani se pronunciou pela primeira vez.
- He, gracias.
Mesmo após alguns segundos de silêncio, as duas garotas pareciam estar muito entretidas em palavras que não estavam sendo ditas. De quanto tempo mais Sergio precisava? Xabi arriscou olhar de esguelha para o amigo. Parecia que ambas haviam percebido.
- Então, Estella e Hani… vocês… são fãs? Do Real Madrid? – As duas se entreolharam. Xabi se sentiu um idiota. Mesmo seu maior fã o acharia um idiota depois disso. Elas tinham camisas do time. Assistiram ao jogo. Berraram como loucas. E ele perguntara se elas eram fãs.
- Hm. Sim. Na verdade eu torço pelo Barça, hehehe – Estella começara a desatar a falar, com as bochechas corando – mas eu gosto muito de vocês, acho besteira esse negócio de rivalidade entre os times e…
Xabi jogou os olhos castanhos claros  a sua direita novamente, se perguntando se Sergio não ia mostrar logo o sorriso branco capaz de cegar alguém e acabar logo com aquilo. Não que não adorasse conversar com os fãs, muito pelo contrário; só não era bom em disfarces e, muito mais tempo, todo seu esforço teria sido em vão.
- … mas a Hani é muito fã MESMO! Ela… hm – novamente as duas morenas notaram algo e quando iam se virar para olhar para aquela direção, Xabi teve uma idéia repentina. Agarrou o punho de Hani, e os quatro olhos se voltaram para sua mão.
- É verdade?! Há, bueno, então… – Xabi olhou desesperadamente de canto de olho para os dois homens. Por favor, que acabassem logo com aquilo! Hani estava imóvel, em choque, mas Estella parecia a caminho de desviar os olhos novamente.
- Então, vocês NÃO QUEREM MINHA CAMISA?! – ! Conseguira chamar a atenção das duas. Elas nem pareciam ter percebido o quanto sua voz desafinara. Ficaram boquiabertas e sem fala por alguns segundos.
- S-Sim! Sim! – Hani exclamou – Oh, sim, queremos!
- É… mas você só tem uma…
- Ah, a gente rasga ao meio, sei lá! – Hani tornou-se para a amiga, arregalando os olhos. Depois disse entre dentes – Estella…!
- Eu sei! É claro que a gente quer, a gente dá um jeito, hahaha! Marc, v-
Marc devia ser o amigo.
- Espera! Vocês gostam mesmo do Real Madrid e eu pensei… vocês… vieram de tão longe, não é? Brasil! Isso é, como, do outro lado do mundo! – Essa era uma péssima idéia. É bom que Sergio conseguisse mesmo sair com o tal do Marc.
- É verdade, mas aqui é um sonho! – Hani e Estella pareciam realmente gostar de futebol. E da Espanha. E do clube.
Bueno… e tem um treino em Barcelona depois do ano novo… então eu pensei que vocês talvez quisessem ir – Ótimo. Genial. Xabi acabara de convidá-las para um treino fechado. O que aconteceria com ele? A pontada de remorso foi logo embora, pois a expressão no rosto das duas brasileiras era inexplicável. Depois de se recuperarem, a mais alta respondeu.
- Nossa, é sério? Muito obrigada, isso seria incrível, eu, eu… – Seus olhos castanhos giravam nas órbitas tentando encontrar as palavras.
- Nós nem sabemos o que dizer, Xabi. Isso… não temos como agradecer o suficiente – A mais baixa e mais morena empurrou o cabelo para longe dos olhos e puxou uma fantástica mecha para trás da orelha. Fantástica? De onde veio isso? O cabelo encaracolado era bonito, mas… Joder. Era realmente extraordinário o modo como a luz refletia na cor dos fios em dégradé.
Vale, não é nada demais… – Bem, alguém não estava sendo exatamente honesto. Aquilo era praticamente uma sentença de punição… – Só escrevam seus nomes para mim…
Xabi resolveu tentar uma espiadela uma última vez. Sergio havia finalmente terminado. Estava se virando. Hani estendia um pequeno pedaço de papel.
 – Certo! Ótimo! Ainda tem muito tempo até lá! Espero que vocês apareçam! Até mais.
Por Dios. Pelo menos não estava mais usando aquela camiseta desconfortável. E agora a conversa toda e o grande favor que fizera pareciam memórias distantes. Subiu as escadas rapidamente.
Armários. Bancos. Chuveiros. Outros madridistas rindo com suas bromas. Água. O espanhol fechou os olhos enquanto sentia o calor e a tensão evaporarem juntamente com as gotas que se dissipavam em formato de vapor.
Não era de demorar muito no banho. Só ficava tempo o suficiente para sentir-se refrescado. Mas aquela tarde deteve-se por mais tempo do que nunca. Momentos como esse o faziam perceber a quanto tempo não parava para conversar, tomar uma atitude espontânea. Desligou a água e passou a mão no cabelo que pingava.
Se sentia preso a uma rotina. Enrolou a toalha no corpo e se dirigiu ao seu armário. Pegou sua mochila da prateleira e sentou-se no banco. Há quanto tempo passava reto para vestiários e ia direto para casa. O quanto andava cansado.
Um leve tapa nas costas o acordou de seus pensamentos. O moreno de cabelos compridos tirou a toalha e sentou-se ao seu lado, puxando sua bolsa. Ele sempre fora assim, desinibido. Deu uma piscadela.
- Você devia me agradecer, Sergio. É bom que você tenha conseguido.
Gracias, cabrón! Sim, foi tudo como o planejado. E você? – Ele não tirava aquele sorriso afetado do rosto.
Por supuesto, eu dei minha camisa a elas… e eu tive que ficar inventando mil perguntas já que você demorou um século…
- Mas deu tudo certo?
- Tirando o fato de que eu estou completamente encrencado! Eu convidei elas paraum treino fechado. O de Barcelona. Você tem alguma noção do que isso quer dizer? O que o Mourinho vai dizer? Ele vai me matar – Sergio deu risada enquanto arrumava as meias.
- Mas vocês se deram bem, ? Seria um tanto quanto desconfortável na terça-feira se não… – Ele se virou, remexendo em suas coisas. Obviamente tentando fugir de qualquer reação.
- Terça-feira?
- Ah, é, terça a gente vai sair.
- O que, Sergio? E quando eu ia ficar sabendo disso?
Ramos parou o que quer que estivesse fazendo e vestiu sua expressão galanteadora de Don Sergio.
- Eu já fiz o bastante por você.
Ainda com aquele sorriso descaradamente malicioso e lisonjeiro. Ele não desistiria mesmo. Ele nunca desistia.
- Está bem – O sorriso de Sergio conseguiu expandir-se ainda mais, e ele se aproximou de Xabi num movimento sorrateiro, segurando seu rosto entre suas palmas e apertando um beijo em sua bochecha – SAI! SERGIO RAMOS, PARE COM ISSO! EU NÃO VOU MAIS A LUGAR NENHUM SE VOCÊ FIZER ISSO DE NOVO!
Sergio se levantou rindo, se afastando na direção de Iker.
- Eu te ligo na quarta para te avisar que horas você pode me pegar. Você vai dirigindo – Ele sempre decidia as coisas pelos outros, e sempre conseguia o que queria.
Ao menos Xabi faria algo de diferente. De algum modo, se sentia mais… livre.

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