So, Europe was more than they expected. And they didn't have words for Spain. Marc always knew it, but Estella and Hani had never dreamt of a place like that. They would've done anything for the trip to be perfect.
As reality surprises them once again, Estella and Hani will thank the existence of their attractive friend Marc forever, because even though being a bit scandalous, he will be the door for their dreams to come true.

Monday, September 5, 2011

II - Marc

- Marc, você já pegou a máscara esfoliante?
Hani estava tão cheia de roupas nas mãos que era quase impossível ver seu rosto, e sua voz acabou saindo meio abafada. Nesse meio tempo, Estella estava exasperadamente saltitante na cama, chacoalhando os braços e comemorando com gritos ensurdecidos.
- Barcelona, Barcelona, Barcelona!
Teoricamente, já havia arrumado suas malas, porém, ainda podia ser observado todo o conteúdo espalhado pelo quarto enorme de Marc.
- Foi a primeira coisa que eu coloquei na minha mala, Hani – Ele revirou os olhos caramelados. Marc estava um pouco impaciente, mas era por causa da ansiedade de ir para a Espanha e encontrar aquele monte de… espanhóis – É, é, Estella, Barcelona, uhul. Agora coloca as coisas dentro da mala – ele girou o braço desanimadamente quando disse ‘uhul’.
Ela parou imediatamente com a comemoração, deixando seus braços caírem ao lado do corpo, e passou a encarar o amigo moreno. Marc sentiu um pouco de incômodo com aquele olhar, mas não disse nada. Ele esperou alguns minutos para que algum comentário obsessivo viesse de Hani, e sua amiga não o decepcionou.
- Olha, Estella, eu odeio dizer isso, mas ele tem razão. E estamos atrasados – Hani já consultava o relógio, a típica expressão de maluca que fazia Marc rir e olhar com significância para a outra amiga.
Marc olhou para Estella, e voltou o olhar para Hani, com a boca aberta, encarando-a como se ela fosse ridícula. Ele viu Estella na visão periférica bufando e se virando para arrumar sua mala, enfim.
- Meu, o vôo é daqui a três horas – Ela deu uma ênfase ao ‘três’ e falou o resto com o desânimo típico de quando não dava a mínima para o que os outros haviam dito.
- É, mas eu já fiz os cálculos e a gente tem que sair daqui a uma hora no máximo – Marc notou que as suas pálpebras abriam cada vez mais a cada palavra dita – Onde você vai com esse sutiã?
- Como assim? – Que comentário mais psicopata de Hani. Marc também ficaria meio assustado, como Estella parecia ter ficado.
- Esse sutiã. Na sua mão. É meu.
- Não, não é – Estella segurava o sutiã apertado junto ao peito – É meu sutiã!
As duas se olharam por um momento.
- AI MEU DEUS, A GENTE TEM SUTIÃS IGUAIS! – Após uma demonstração de quão ridículas eram suas amigas, a atmosfera voltou ao normal. Não era como se Marc fosse fazer aquele tipo de coisa se ele fosse mulher.
Enquanto Estella arrumava a mala tranquilamente, fechada em seu mundo do iPod, e Hani estava sentada em cima da Louis Vuitton de Marc, numa luta quase perdida com o zíper para fechá-la, ele fazia um monólogo interminável sobre suas próprias sobrancelhas.
- … Mas, então, você não acha que eu tinha que tirar um pouco mais dessa aqui? – Ele apontava sua sobrancelha direita e colocava o rosto a centímetros de Hani.
- Porra, Marc! O que você colocou dentro da merda dessa mala? – Hani puxava o zíper travado desesperadamente e Marc teve nojo do fio de suor que escorria pelo rosto da amiga.
Insatisfeito com a falta de resposta da amiga, e não querendo mais encarar a gota de suor, ele revirou os olhos e se dirigiu a Estella.
- E você, o que acha?
Silêncio.
- Estella?
Silêncio.
- Estella.
Silêncio.
- ESTELLA!
- Hã? – Ela tirou um dos fones de ouvido.
- O que você acha?
- Sobre o quê?
- Humpf, minha sobrancelha – Ele disse, com um ar de ‘o que mais seria?’.
- Sério? – Ela franziu o cenho – Você tá me perguntando sobre a sua sobrancelha? Eu não tenho uma resposta pra isso.
Marc, depois disso, desistiu de compartilhar o assunto com suas amigas.
Para ele, as coisas passaram muito rápido, porque ele passou o tempo todo até o táxi chegar se olhando no espelho, alisando a roupa e arrumando o cabelo.
Ele era mesmo muito bonito. Como podia ser tão bonito? O que mais gostava em si mesmo era o seu nariz, bem definido, imponente, reto e com a linha que contornava as narinas bem marcada. Os olhos também. E o sorriso. Mas claro que não podia esquecer-se de sua boca. Ele tinha uma curva nos cantos da boca que o deixava tão inocente e tão malicioso ao mesmo tempo.
Quando o táxi chegou, Hani fez com que Estella se sentasse no banco de trás, para que a amiga lesse uma lista interminável de coisas importantes para levar. Então, Marc se sentou no bando da frente – não sem comemorar silenciosamente, pois era o lugar onde mais espelhos estavam disponíveis para ele se admirar.
Após meio caminho flertando com o seu reflexo, ele percebeu que uma barba mal-feita não cairia mal em seu rosto. Então, ele indagou o taxista.
- O que você acha de eu deixar uma barba crescer? – Depois de alguns segundos sem obter resposta, ele se perguntou por que o taxista o olhava de esguelha e não se pronunciava – Hein?
Dessa vez o homem se virou e balbuciou alguma coisa como ‘É, pode ser’. De imediato, Marc não gostou dele. Ai, como seres humanos eram mesquinhos e irritantes! Voltou a mirar seu reflexo.
A chegada ao Aeroporto de Guarulhos pareceu cinematográfica. As portas automáticas se abriram, revelando uma garota com passos apressados. Seus cabelos castanhos demasiadamente longos espalhados por todo o rosto pálido, esboçando uma expressão de preocupação, enquanto suas pernas longas ganhavam todo o saguão. A segunda a passar pela porta mascou o chiclete de boca aberta, arrumando os óculos de sol e, em seguida, jogando para trás os cabelos castanhos queimados de sol, loiros na porta e castanhos escuros na raiz. Olhou em volta com tédio e puxou a mala até o check-in bem lentamente, apesar da insistência de pressa da amiga.
Por último, foi ele. As portas até se abriram novamente. Enquanto Marc entrava no saguão, uma brisa o atingia pelas costas, agitando a mecha castanha clara mais comprida, na frente de seu cabelo liso, estrategicamente bagunçado. Ele parou, suspirou olhando em volta, bagunçou de volta ao lugar a mexa rebelde. Como se fosse seu último ato, levantou a gola pólo de sua camisa com a bandeira espanhola e virou-se para, teatralmente, pegar sua mala.
O trio pode ser descrito dessa maneira por toda a viagem até A Europa. Estella logo pegou no sono. Hani, imediatamente ao lado da adormecida amiga, não conseguia parar quieta, olhando pela janela ao lado da outra. Marc, no corredor, conferia todos do vôo e ficou especialmente interessado no comissário de bordo.
Quando desceram de volta ao chão, Marc estava ansiosíssimo. Assim que se levantou, todos o olharam. Todos com aqueles casacos estranhos e feios. É claro, o invejavam. Ele era maravilhoso, sua pele, seu cabelo, especialmente suas roupas, sem casaco feio.
Tudo seria muito melhor se aquele avião os tivesse levado diretamente para a Espanha. Mas não tinha. Ele ainda não acreditava que suas amigas realmente o haviam convencido, na verdade arrastado, para aquele fim de mundo. Passar um dia na Polônia seria praticamente impensável, ainda mais porque teria de passá-lo completamente sozinho.
Hani e Estella eram mesmo muito egoístas. Tudo por causa de um teste para um trabalho no ano seguinte. Um trabalhinho qualquer. Ele nem prestou muito atenção quando elas explicaram, mas parecia ter alguma coisa a ver com futebol. Fanáticas.
Assim que saiu ao ar livre sentiu um ar frio cortando todas as partes expostas de seu corpo. Talvez ele devesse ter escutado as duas sobre o inverno na Polônia. Realmente não era igual à França. Mas como ele saberia? Por que ele iria para aquele país durante suas férias européias? Obviamente que quando viajava, ia para os países mediterrâneos.
Tinham de pegar as malas. Hani foi até as esteiras e os mandou esperar nas cadeiras ali perto. Depois de algum tempo, o queixo do moreno começou a bater e suas unhas pareciam um pouco roxas. Isso sim era inaceitável. Talvez devesse atuar um pouco.
- Este-e-eee-lla… Es… te… a… – Ele optou pela amiga mais perto – Eu… preciso… de um casaco. Me abraça…
Talvez não estivesse dando muito certo. Ela o olhava de canto de olho enquanto ele se jogava em seu colo. Ele devia ter exagerado demais. Ele soltou um pouco o braço dela, bateu o queixo um pouco mais e vestiu um olhar suplicante.
- O que ele tem? – Hani perguntou, arrastando as malas desengonçadamente.
- Oh… está ficando escuro… estou com… fri-i-o… Hani… – Ela revirou os olhos. Que droga, quem ele tinha que agarrar ali para ganhar um casaco? Ele levantou – Por favor! É sério!
- Bom, você devia ter…
- É, devia ter escutado vocês! Eu sei – Marc interrompeu Estella, que parou no meio do que quer que estivesse fazendo. Ela o olhou com aqueles olhinhos encolhidos, julgadores, como sempre fazia quando queria que alguém se sentisse culpado. Pensou um pouco, bufou e voltou a se mover, tirando o casaco. Não é como se ela precisasse, ela tinha mais uns sete.
- Toma aqui. Vê se ouve na próxima.
O vôo para Madrid era de madrugada. Elas o largaram num hotelzinho de meia estrela ao lado do aeroporto. Sem TV, sem wi-fi. O que ele ia fazer naquele lugar? Sair era a última coisa que passava pela sua cabeça. Ao menos tinham uns empregados bonitos. Marc não sabia que homens poloneses eram loiros de olhos azuis e lindos.
Um garçom do restaurante do hotel, em particular, o interessou muito. Quando tentou falar inglês com a recepcionista ela chamou o loiro alto, falando alguma coisa extremamente estranha. Ele se virou com um pouco de vergonha e falou um inglês com muito sotaque. Que fofo!
Depois disso, Marc ficou rondando o bar e tentando fazer com que o polonês o notasse. Ele sorria, e o polonês ficava vermelho e olhava para baixo. Realmente uma gracinha. O restaurante estava fechado e o garçom estava arrumando as mesas.
Podia ser bonitinho, fofinho, engraçadinho, mas uma hora ou outra ele tinha que agir. Marc não era de se jogar em cima dos outros. Não quando o tal outro não se jogava em cima dele também. Talvez ele devesse ser um pouco mais indiscreto.
- Olá – Marc fez uma pose sobre a mesa que o homem arrumava, empinando o bumbum o máximo que pode. O outro arregalou os olhos e deu um meio sorriso.
- Hm, cześć
- É, tché... tchz. É. Então. Quando você tem uma folga, hein? – Ele colocou a mão sobre o ombro do loiro. Ele sacudiu a cabeça.
- Hm, nie… não ter. Ter bastante trabalho por ser perto aeroporto… – Ele sorriu, sem graça, e continuou – E só eu e Nikolai trabalhar aqui restaurante…
- Ah, é mesmo? Que bom saber que vou estar em boas mãos durante o jantar! – Marc inclinou-se para frente – Qual o seu nome?
- Hm, Jan – O polaco estendeu a mão e o brasileiro a agarrou.
- Eu sou o Marc. Você fuma?
Jan parecia não ter entendido direito. Na verdade ele não parecia ter entendido muita coisa da conversa. Marc imitou o gesto de fumar com as mãos e o outro acenou a cabeça.
- Ah! Tak! Sim!
- É? Onde? – O loiro pareceu ter estranhado um pouco a pergunta, então Marc sorriu simpaticamente.
- Lá fundo de cozinha…
- Você quer ir lá? – Marc se jogou demais. Mas ele nunca tinha beijado um polonês. E talvez o dia não fosse ser tão ruim assim – Vamos.
- Hm… só arrumar esta mesa, sim?
Marc ficou observando a pequena fonte de pedra ao lado do bar. Era suja e gasta, mas de certa forma combinava com o ambiente. Ficava bem embaixo de uma janela grande que mostrava a neve lá fora. Ele sentiu uma mão em seu ombro.
- Fumar? – Jan sorriu e fez um gesto com a mão, olhando na direção da recepção – só não deixar Aleksandra ver você!
Chegando na cozinha, Marc seguiu o outro através de um pequeno corredor escuro com uma porta no final. Ele quase ficou cego quando Jan a abriu, a imensidão branca cercando todo o horizonte. O loiro esfregou as duas mãos e puxou um maço de cigarros de dentro do casaco. Ofereceu um a Marc, que o recusou.
- Não… isso é para depois – Jan o fitou por alguns segundos e acendeu o isqueiro. Terminou de fumar em três segundos, até antes. Marc nunca vira alguém fumar tão rápido. O polonês apoiou a cabeça na parede, revirando os olhos de alívio. Aquilo fez com que Marc tivesse pensamentos muito impuros – Vem.
Ele pegou no braço do outro e o puxou para dentro. A luz da cozinha estava apagada e a única luz vinha da neve de fora. Marc empurrou o outro no que achou ser uma parede, mas ela fez um barulho estrondoso. Eram panelas empilhadas.
Chyba was pojebalo?! – Jan recuou, caído no chão.
- Não tenho certeza do que isso quer dizer, mas você falando polonês é sexy! – Marc se lançou na direção do outro.
- Para! Eu disse… – Jan o segurava, com uma mão espalmada sobre seu peito – você está louco, porra? (are you out of your fucking mind?)
- Sim! Não consigo pensar direito! Você me deixa louco! – Marc sussurrou, deslizando uma mão para segurar o maxilar do outro. Ele parecia um pequeno cervo assustado, relutante ao seu fim inevitável. O moreno tentou ser delicado, acalmando e acariciando Jan, que parava de resistir.
Finalmente Marc arriscou tocar com os dedos aqueles lábios inacreditavelmente macios, mesmo apesar do frio cortante daquele inverno. O homem loiro estremeceu ao sentir a respiração do brasileiro tão perto. De início, só ficou parado enquanto Marc o beijava. Depois, começou a retribuir o beijo lentamente.
Marc passou um bom tempo ali no chão da cozinha deturpando o pobre jovem polonês. Mas enfim, Jan queria aquilo, só não sabia. E Marc fora apenas bondoso para mostrar a ele do que ele realmente gostava.
Haviam se passado quarenta minutos, uma hora, duas. Marc não sabia ao certo, mas devia ser tarde e ambos teriam problemas se não saíssem dali. Jan poderia perder o emprego e Marc ia ouvir um sermão das amigas se atrapalhasse alguma coisa da viagem, especialmente de Hani se por acaso se atrasassem.
Despediu-se do europeu, deixando-o estatelado sobre o piso gelado e quadriculado, ao lado das panelas espalhadas por toda a cozinha. Chegando ao quartinho sujo, deitou-se na única cama que se encontrava ali.
Hani e Estella o acordaram chacoalhando-o cerca de duas horas mais tarde, dizendo que tinham de ir para o aeroporto para fazer o check in. Marc só queria dormir e deixou-se ser levado, meio sonâmbulo, pelas amigas.
As duas desmaiaram assim que sentaram. Marc devia ter perguntado como fora o teste. Mas não é como se elas já não soubessem que ele não ligava muito, principalmente porque não estava completamente acordado.
O sol já havia nascido quando os três abriram os olhos novamente. O Aeroporto de Madrid-Barajas não era tão maravilhoso assim como diziam. Tinha um teto estranho, todo curvado, e umas hastes coloridas que o suportavam. Marc acreditava que poderia fazer um trabalho muito melhor com a decoração. Tinham umas coisas inidentificáveis espalhadas pelo terminal e obras de arte de gosto muito duvidável.
A única coisa que ele adorou era que o rodapé era gigantesco – assim como o próprio aeroporto – e tinham árvores no meio de um pátio. Sim, dentro do terminal. Aquilo era incrível. Isso sim era coisa de gente chique. A partir daquele momento ele decidiu que colocaria uma planta no meio do seu quarto. Puro luxo!
O aeroporto ficava a doze quilômetros do centro da cidade, e o hotel era quase que o ponto central de toda Madrid. Uma corrida dessa distância não ficaria nada razoável para as duas amigas, então Marc resolveu tomar a iniciativa de chamar o carro branco com uma risca vermelha. Segundo Estella, os táxis oficiais eram dessa cor e tinham um símbolo do Ayuntamento de Madrid nas portas; esse deveria ser um deles.
Hola, ¿a dónde vámonos hoy? – Alguém estava animado! Marc gostou dessetaxista. Ele era bonito. E espanhol.
Ah, vamonos a… esto lugar – Estella estendeu a mão com o endereço do hostal. Ela estava sentada atrás, e dessa vez fora Marc quem a empurrara para lá. Os olhos verdes do espanhol se desviaram do papel para ele, que o observava. O motorista sorriu, sem graça.
Bueno… – Ele arrancou o carro. Marc podia perceber que o outro gostara dele. Afinal, o que tinha para não gostar? – Y dónde son ustedes?
- De Brasil – O moreno respondeu, com um sotaque espanhol carregado.
Ah, Brasil? Eu hablo un poco de portugués! – Ao menos ele tentou.
Foram o caminho todo conversando. Ele foi provavelmente o taxista mais legal que Marc já conhecera, o que não era pouco. Em São Paulo, tomava táxi toda vez que saía por conta própria. Somente quando fizera dezoito anos passou a andar com seu querido Porsche Cayman S.
O nome do taxista era Estebán e ele disse que o trajeto mais rápido seria de uma distância um pouco mais longa do que os doze quilômetros, e que deveria demorar uns vinte minutos para chegar, mas Marc não se importou muito. Se esses eram os primeiros vinte minutos dele na Espanha, então Deus ajudasse no resto!
Eles chegaram e ele não queria descer do carro, mas as garotas o olharam com um ar de censura e ele abriu a porta. Não é que Estebán queria acompanhá-los e ajudá-los com as malas? Estella e Hani recusaram e Marc quis morrer.
- Obrigado, de todo modo… – Ele agradeceu e deu um beijo no rosto do outro. O espanhol arregalou os olhos e ficou parado por um tempo. Marc não pôde ver sua reação porque as duas amigas o puxaram. Quando ia voltar atrás para pedir o telefone do homem, Hani o segurou.
- Marc! Para com isso! Vai assustar o primeiro espanhol que você conhece? – Como ela podia dizer algo assim? Ele estava tão perto de beijar o primeiro espanhol da vida dele e ela provavelmente estava com ciúmes porque era ele quem tinha conseguido o primeiro homem da viagem.
Eles falaram com a mulher baixinha atrás do balcão da recepção, uma senhora de cabelos grisalhos e um óculos de hastes redondas apoiado na ponta do nariz. Ela os mostrou o quarto em que ficariam, no terceiro andar, mas não havia ninguém para ajudar com as malas. Aparentemente o sobrinho dela estava almoçando. E o elevador estava quebrado.
Marc achou um absurdo ter que carregar aquelas malas pesadas por três lances de escada! Perguntou para a velha quando arrumariam o elevador, mas ela não parecia ter escutado. É claro que Estella/Hani teria escolhido um lugar assim. Não queria nem olhar o quarto.
Quando a porta se abriu, o moreno deixou as malas caírem e tapou a boca com as mãos. Era um escândalo. Devia ter no máximo uns quarenta metros quadrados,contando com o banheiro. Não tinha nada, só três caminhas de solteiro, e o máximo por que podia ficar feliz era que a banheira era utilizável.
Ele ficou com a cama do canto, perto da porta, que ficava na parede contrária às outras duas. Pelo menos ele teria mais espaço. Assim que a senhoria saiu do quarto, abriu sua frasqueira e pegou seu spray contra insetos, borrifando em cada canto do quarto e do banheiro.
- Marc, a menos que você queira nos envenenar e a si próprio, seria ótimo se você parasse com isso! – Estella sabia muito bem que aquilo era para o bem deles. E ela deveria estar agradecendo.
- Quem é que tem aracnofobia aqui? Sou eu?
- Marc… – Hani também não tinha do que reclamar.
- Sou eu? Eu acho que não! – As duas o encararam por alguns momentos e depois suspiraram e se viraram para desarrumar as malas.
Quando ele pensou nisso, abaixou os olhos para aquele monstro marrom de rodinhas. Ele mal conseguira tirá-lo de casa. Subir com aquela mala pela escada o fizera suar. O que era terrível. Abri-la provavelmente não seria muito mais fácil.
- Hani, você quebrou minha Loius Vuitton! – Ele resolveu berrar e ver se assim conseguia que a amiga viesse fazer o trabalho por ele. Contanto que não pingasse de novo.
- Marc, foi por minha causa que você conseguiu trazer essa coisa! Ela nem teria fechado se não fosse por mim. Eu não quebrei nada, abre ela aí! Não vou ter todo aquele trabalho de novo só porque você é um preguiçoso.
- Ai que grossa! – Ele resolveu adiar o esforço e se largou no colchão – Vocês já escolheram a roupa que vão usar amanhã?
Ele deu risada da reação das duas. Hani largou tudo que tinha nas mãos e se virou rápido, com os olhos arregalados. Estella travou e ficou parada na mesma posição, virada de costas e meio curvada. Depois, ainda meio travada, girou no lugar de modo a ficar de frente para ele. As duas se olharam logo em seguida e começaram a revirar as roupas.
- Eu sabia que isso ia acontecer! Eu não sei porque a gente não escolheu antes!
- Ah, fala sério, Hani. A gente sempre acaba mudando, não adianta nada escolher antes – Estella sumira atrás da porta do armário. Pelo menos isso, o quarto tinha um mini-closet.
- A Ella tem razão! Se eu vou para um lugar, tenho que estar bem vestido.
- Se eu vou para um jogo do Real Madrid é que eu tenho que estar bem vestida!

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