So, Europe was more than they expected. And they didn't have words for Spain. Marc always knew it, but Estella and Hani had never dreamt of a place like that. They would've done anything for the trip to be perfect.
As reality surprises them once again, Estella and Hani will thank the existence of their attractive friend Marc forever, because even though being a bit scandalous, he will be the door for their dreams to come true.

Monday, September 5, 2011

I - Xavi


- É só uma fase, você pode treinar mais.
Ele quase caiu da escada que levava ao vestiário ao escutar as palavras do capitão. Foi pior do que sua consciência martelando na sua cabeça… Joder. Talvez não fosse para soar daquele jeito, mas acabou soando, de qualquer maneira.
Porém, ao invés de cair, ele só suspirou e continuou subindo. Era um longo lance de escadas. Seria muito mais fácil fingir que tudo aquilo não estava acontecendo, ele estava até conseguindo, até entrar no vestiário e sentir todos os olhos nele. Suspirou ainda mais fundo pra espantar todos os pensamentos a caminho do seu armário – agora essa porcaria de armário parecia estar bem no meio do ambiente. Não reparou que, ao bater as coisas daquele jeito, chamava ainda mais atenção. Será que o dia não podia ficar pior ainda?
- Olha, Xavi… – É, podia ficar pior.
- Gerard… Não, não. Vai embora. Não é uma boa hora.
Ele fez aquela cara de ‘Piqué’. E, quando ele fazia aquela cara, é porque ninguém mais havia entendido nada, só ele. Xavi fingiu que não o viu continuar parado ali, e se concentrou em tirar suas meias. Ele ficou lá, com aquela feição irritante, parecendo querer testar os nervos do amigo. Parecia até uma criança. Então, a exigência era a reação que se tem com uma.
- Que é, Piqué? – Ele disse bufando.
- Nossa! Cortou relações agora? – Ele fez uma voz de ofendido que não convencia ninguém.
- Não, só não é um bom momento pra você ficar me consolando – Ele mal encarava Gerard.
Cara de ‘Piqué’ de novo.
- Na verdade… Eu ia te distrair. Não ia falar nada sobre o jogo.
É odiável esse gênero de pessoa que aparece quando você está nervoso e você simplesmente não consegue se irritar com ela. Você fica com mais raiva, mas não fica realmente bravo. Piqué era uma dessas pessoas. E, percebendo que a sua estratégia de distração não ia funcionar, ele se afastou, deixando Xavi só de novo.
Sozinho, ele pôde respirar normalmente. Claro que ele ficou enrolando na frente do armário até todo mundo sair. Pelo que se lembrava, nem mesmo Sergio Ramos se demorava tanto assim nos banhos durante a Copa do Mundo. E ele era o campeão de vaidade e tinha a maior coleção de cremes de cabelo que Xavi já vira. Mas aquela situação pedia por isso. Assim, ele podia tomar uma ducha sozinho.
A água do chuveiro foi como uma terapia. Era só daquilo que ele precisava. Silêncio e água. Era até mágico. Ele esqueceu completamente do lixo de partida que ele tinha feito, de como seus companheiros de time o tinham olhado como culpado, de como a torcida não o aplaudira e nem ao time. Droga, os pensamentos estavam voltando…
Estendeu o braço cansado para pegar o sabão. Esfregou-o nos ombros tensos. Podia sentir que uma noite mal dormida vinha por aí. Fechou a torneira e pegou a toalha que deixara jogada por cima da divisão.
Se dirigiu à zona de águas, entrando na primeira piscina, a de água escaldante, descansando a toalha na beirada. Quando fora a última vez que jogara tão mal? Sacudiu a cabeça e fechou os olhos, colocando o rosto embaixo da água. Ainda de olhos fechados, tateou a parede, procurando a escada. Quando a encontrou, emergiu e sentou-se. Para melhorar as coisas, sentia uma pontada de dor na perna direita, no mesmo lugar daquela antiga lesão, a mais grave que já sofrera e que o tinha impedido de jogar por tanto tempo.
Às vezes ele desejava nunca ter se envolvido com o futebol. Não, isso não era possível. Ele nascera para aquilo, fora predestinado. Então o que desejava em alguns momentos, como aquele, era que o destino escolhido para ele tivesse sido outro. Perdera muitas coisas, enfrentara muitos obstáculos e fizera muitos sacrifícios por algo que trazia isso de recompensa. Como poderia amar tanto algo? Ser tão obcecado, fascinado? A ponto até mesmo de perder Elsa?
Ele afastou aquela lembrança o mais rápido possível. Levantou-se e puxou a toalha. Afinal, aquilo não era culpa dele. Não era à toa que jogava num time daquele calibre, há tanto tempo. Se secou a caminho de sua taquilla. Não era por acaso que fora indicado para ganhar o Ballon d’Or. Enrolou-se na toalha e parou na área das pias, entre os chuveiros e os armários. Ele recebera muitas ofertas incríveis, como aquela do AC Milan, que o pai dele ainda não se conformara de não ter aceitado. Se olhou no reflexo, passando a mão no cabelo. Era reconhecido na Espanha toda pelo seu trabalho.
Xavi acreditava estar sozinho, e foi num pulo que foi surpreendido se encarando no espelho por um vulto alto. Loiro e de olhos azuis. Nada mais nada menos do que Gerard Piqué. Ele deu risada da reação do mais baixo. Xavi teria brigado com o amigo se ainda não estivesse tão sobressaltado.
- Geri… você… nossa, você me assustou!
- ‘Geri’? Isso quer dizer que está melhor, então? – Gerard era realmente um bom amigo. Provavelmente o tinha esperado até agora.
- Já é tão tarde, o que você ainda está fazendo aqui? – Geri levantou as sobrancelhas. Era bem óbvio que os pensamentos de Xavi estavam certos  – Não está me seguindo, né?
Os dois riram e, desviando da pilastra central, se dirigiram aos bancos em que se sentavam todos os dias. Exatamente os mesmos, já que o banco ao lado do seu era o de Piqué. Enquanto ele jogava as roupas em seu corpo, o amigo fitava as mãos, remexendo as unhas ruídas.
- Sabe, isso é realmente um péssimo hábito – Xavi terminara de se vestir e agora encarava o outro com um meio sorriso forçado.
- Se torturar é um hábito pior ainda.
As palavras de Gerard não fizeram muito sentido. Quer dizer, fizeram, mas tinham mais de um sentido. A maioria das coisas que ele dizia era ambígua, e Xavi nunca sabia se devia levá-las no sentido bom, ruim ou literal. Às vezes se perguntava se o amigo fazia aquilo de propósito. Ele não era nenhum idiota, mas não parecia muito… apto para maquinar coisas desse tipo, que dissesse algo assim somente para fazer com que os outros refletissem.
De um jeito ou de outro, ele sempre refletia, e aquela frase o fez sentir melhor. Realmente ele estava se torturando sem razão. Não uma razão consistente, pelo menos. Que culpa tinha ele? Todos tinham dias ruins, até mesmo Puyol. Eles não eram tão freqüentes, mas existiam.
- Eu te esperei porque achei que talvez você quisesse conversar. Ou sair e esquecer isso tudo! Você sabe que eu sou o rei das festas. Yo soy um conejo de fuego! – Eram frases desse tipo que faziam com que Xavi acreditasse que Gerard não era muito apto.
- É, eu não acho que estou muito no clima de sair, Geri…
- É, não achei que você ia querer mesmo… – Todos não demoravam muito para perceber, depois que conheciam Xavi, que tipo de pessoa ele era.
- Você sabe que não é só porque não tem jogo amanhã que eu vou s-
- Sei, sei! Você é o señor responsabilidade! Então vamos conversar? – Gerard perguntou com um sorriso animado.
- Eu tenho alguma outra opção? – Ambos sabiam que Piqué era uma daquelas pessoas que tinha a habilidade de sempre convencer os outros a fazerem o que queria. Ele não precisava falar nada para que Xavi soubesse que a resposta para sua pergunta era ‘não’.
O zagueiro se levantou, chamando o amigo com um gesto de cabeça. Ele o seguiu pela porta, tomando as escadas a caminho da saída para o estacionamento. O caminho era relativamente longo, e sempre que saíam juntos do estádio percorriam aquela rota conversando.
- Então, como está se sentindo, nano? – Gerard colocou o braço em volta dos ombros do outro.
- O que você acha? – Talvez tivesse sido ríspido demais. Xavi olhou para cima com uma cara de remorso – Desculpe, é que eu… eu estou melhor. Mas é que é…
- Frustrante? – Aquilo parecia mais uma afirmação do que uma pergunta.
- Bem…
- Decepcionante? – O loiro indagou.
- Eu…
- Você se sente impotente? – Ok, era o suficiente! Sim, Piqué tinha entendido seu ponto. Mas não precisava continuar.
Bueno… é.
Os dois ficaram em silêncio por algum tempo. Provavelmente Gerard percebera a gafe que cometera e tentou remediá-la fazendo alguns comentários sobre jogadas incríveis das últimas semanas.
- Você viu aquele gol do Ibra? Ele estava realmente incrível no domingo!
- É, acho que ele está tendo uma boa temporada… – Xavi respondeu, meio desinteressado.
- É, com certeza! Teve aquele jogo contra o Juventus! Nossa… – Talvez não fosse exatamente o melhor tópico. Ele continuou, de qualquer maneira – O clássico com o Inter, também! Eles estão numa maré de sorte!
O zagueiro começou a discorrer sobre a temporada de outros times, do Atlético de Madrid ao Arsenal. De súbito, quando alcançaram o último lance de escadas, Piqué parou de falar e se virou para mirar os olhos cor de chocolate do amigo.
- Eu acho mesmo que você não devia se preocupar, alguém sempre é o alvo de críticas em um certo momento… Você… – Xavi olhava para o chão. Preferia não falar sobre o assunto, mas Gerard insistia – Você é incrível.
O silêncio persistia. O zagueiro tentou mudar de assunto quando chegaram ao hall.
- O que você vai fazer agora nas fiestas?
-Eu não sei direito, provavelmente vou passar o natal com mis papas y hermanosem Matadepera, mas no Ano Novo devo ficar por aqui – Gerard sempre perguntava coisas sem motivo, só por casualidade. Mas quando tinha algum interesse envolvido, como era o caso, ele nunca conseguia disfarçar – E você?
Os dois já estavam no estacionamento. O carro branco de Piqué se encontrava a poucos metros de distância, enquanto o seu estava do outro lado. Quem sabe conseguiria escapar? Se a resposta de Gerard fosse longa, quem sabe.
- Ah, o natal também devo passar com a família… Eu estava pensan-
- Ah, o seu irmão já voltou? – Xavi interrompeu Piqué. Ele não queria nem imaginar o que ele queria, o que estava planejando. Então talvez conseguisse prolongar o assunto sobre a família até que chegassem ao carro do amigo e ele podia se virar e fingir que não escutara mais nada.
- Na verdade não, vou buscar o Marc no aeroporto amanhã. Então, como eu ia dizen-
- É mesmo? Você… – Xavi pensou por um segundo.
- Sim?
- Você… você chamou o Cesc? Para passar o ano novo aqui?
- O que? Como assim, Xavi? Ele está vindo para o Barça! E de qualquer jeito, ele é espanhol, sabe. Ele sempre vem pra cá de um jeito ou de outro – Droga. Piqué deu risada e estava prestes a continuar.
- Ah, o que eu quis dizer foi… - Xavi odiava o fato de que conseguia bolar uma jogada em um segundo, mas não tinha a menor facilidade em inventar um assunto – Ok, o que você ia dizer?
- É sobre o ano novo. Se você quiser vem comigo no aeroporto amanhã, e eu te conto – Gerard respondeu, entrando em seu Audi A7.

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